Abri o caderno.
Qual fênix renascida,
as cinzas me olhavam esperando trabalho.
Era quarta-feira de
cinzas.
Para lembrar que
somos feitos de pó - pó de estrelas, pó de cinzas, pó de areia.
Morte e renascimento.
Esperei atenta.
Silêncio.
.Hoje, ao voltar da academia,
passei por uma calçada em reconstrução.
Próximo ao entulho,
restos de pedras portuguesas da antiga calçada, um monte de areia e brita
esperavam para serem trabalhadas na feitura da nova calçada.
Mas um homem se
ajoelhara sobre o monte de areia e moldava, com suas mãos e a ajuda de um pouco
d’água, uma cabeça humana.
Parei e olhei.
Suas mãos ágeis
esculpiam o contorno dos olhos, nariz, boca.
Acabado o trabalho,
levantou-se, sacudiu a areia da roupa e foi-se.
Pó de estrelas, pó de
cinzas, pó de areia, pó de criar, pó(iesis).
Que bom, Márcia, que um ano novo de histórias começou para você (e para nós)!
ResponderExcluirVi primeiro a sua foto e só depois entendi.
Que que é isso?! Um artista de rua esculpiu uma Pietá ?! Você percorre caminhos extraordinários.
Essa sua caminhada de pó de cinzas, de areia e de estrelas...