Tem uma janela no
meio do caminho.
Através dela
uma paisagem no
incômodo de meus olhos.
Uma casinha de lona
preta.
Vida quase escondida,
quase nua,
espalhada pela
calçada.
Aproximo o binóculo.
Devasso a pobreza.
Afasto o asco.
Vejo o cachorro
entrando e saindo da
lona preta.
Dá voltas,
fareja inseguranças,
faz a ronda.
Pombos circulam
migalhas.
O homem sai, amassa
latinhas.
A mulher sai, sacode
panos.
O homem entra, a
mulher entra.
Ajusto o foco.
O cachorro late para
mim.
Recuo.
Fecho a cortina.
Tem uma janela no
meio do caminho.