Passeio minha manhã de segunda-feira pela pracinha do bairro.
Caminho decidida a me encontrar no fim das 20 voltas com algumas calorias a menos e um tanto de energia a mais.
À minha volta vejo as mesmas pessoas de sempre: as duas irmãs que não param de falar, cheias de tanto assunto, a dona dos dois cachorros, um na coleira, junto dela e o outro desfilando sua elegância e independência pelas ruas e calçadas. Vejo também o velhinho de passos lentos, o casal de mãos dadas, a senhora procurando companhia para comentar as novelas, os jovens exibindo-se na corrida, os carrinhos passeando os bebês e seus pais, as crianças desfilando seus velocípedes ou bicicletas, o médico-jardineiro regando suas rosas no jardim do consultório, o piano que soa ao longe ensaiando escalas maiores e menores , as maritacas em voo e gritos e tantas rotinas mais.
Hoje, um acontecimento se fez.
Era uma senhora, de seus 50 anos, magra, tamanho mediano, cabelos anelados e curtos que passou por mim. Trazia apoiada no ombro esquerdo uma gaiola de madeira. Dentro um passarinho, canário talvez, cantava. Achei que ela estava só passando pela praça, em direção à sua casa ou outro lugar qualquer. Mas surpresa vi que ela passeava pela praça e apontava para as árvores, mostrando-as para o pássaro. Conversando com ele apontava o céu, o vento, o espaço da cidade.
E o pássaro olhava.
Não se debatia querendo romper as grades e rasgar o espaço. Estava domesticado. Ela apontava. Ele olhava e cantava.
Coisa mais triste!