O quarto dos netos
Entro no quarto que, hoje, chamo “o dos netos".
Já foi dos filhos ate que o silêncio ali se instalou.
Deu lugar a outras algazarras.
Entro no quarto dos netos.
Sem netos.
Ouço choro triste da boneca...ninguém vem me dar o leite
Trocar minha fralda, tirar minhas roupas, me enrolar em
mantas.
Silêncio.
Ouço o ronco do motor do caminhão,
O galope dos cavalos,
O arrastar de malas prontas ora viagens imaginárias.
Silêncio.
Vejo cores e traços no papel,
Mundos se fazendo em massa de modelar,
Toquinhos montam castelos.
Silêncio.
Bolas rolam,
Bomboles rebolam solitarios,
Príncipes e princesas adormecem.
Silêncio.
Até a bruxa não assusta mais.
Só o lobo, num último suspiro grita:
-Cadê as crianças?
Corre se não eu pego,
abraço, beijo
De saudade.
Márcia Sartorelo Carneiro
2020
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