Caminho distraída pela estradinha de terra arenosa. Serpenteia o rio cipó ao longe, armando o bote para despencar rochedo abaixo em forma de cachoeira. As flores sempre vivas enfeitam as margens sombreadas por ipês, quaresmeiras, canelas-de ema. Cavaleiros passam apressados em direção à cachoeira da Farofa levantando poeira e lançando montículos pastosos e fedorentos a demarcar o percurso.
Assento-me numa pedra, beira de um curso d’água para refrescar os pés e a garganta. Aproveito para comer uma barrinha de cereal - energia com pouca caloria.
Uma cor azul borboleteia pelos caminhos e pousa num objeto meio escondido, meio aparecido à beira da estrada. Vou ver do que se trata.
- Um baú abandonado!... ou terá sido colocado aí propositalmente?... Alguém pode voltar para buscá-lo...não mexa nas coisas dos outros...mas dá uma vontade...
Não tem fechadura. Abro.
Muitos papeis. Palavras soltas: cerimonial, buffet, segurança, música, decoração, convites, daminhas, pajem, cabelo, maquiagem, vestido de mãe de noiva.
Vou retirando um a um. Lanço-os num canto da estrada.
Resta um: – casamento. No verso, noivo e noiva.
Fecho o baú. Deixo guardada esta última palavra a germinar outras letras.
A borboleta azuleia meu caminho. Sigo.