Numa tarde de verão, eu,turista em Salvador, andava pela praia de Itapuã e me lembrava de Caymmi,cantarolando: o mar quando quebra na praia é bonito, é bonito....
O sol se punha preguiçosamente e a brisa era fresca e perfumada.
Avistei ao longe uma morena bonita que ia em direção ao mar. Será Dora, rainha do frevo e do maracatu...ou Marina, morena Marina...ou Gabriela, cravo e canela...ou Rosa Morena do mar?
- onde vais morena Rosa, com esta rosa no cabelo e este andar de moça prosa?
Ela nem me olhou tão interessada estava no pescador que vinha arrastando o barco para colocá-lo na água.
Foi então que pude ouvi-lo dizer:
- minha jangada vai sair pro mar, vou trabalhar, meu bem querer. Se Deus quiser quando eu voltar do mar , um peixe bom eu vou trazer....
Ela suplicante pedia:
- é noite , é noite pescador não vai pra pesca que é noite de temporal.....
Ele, entre irônico e preocupado, respondeu:
- é doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar....
Conformada com o espírito aventureiro do amado ela se despediu num adeus, adeus, pescador não se esqueça de mim, eu vou rezar pra ter bom tempo, meu bem, pra não ter tempo ruim. Vou fazer sua caminha macia, perfumada de alecrim.
E depois de um longo beijo ele partiu.
Fiquei ali perto de Rosa até o barco sumir na linha do horizonte junto com o sol e seus últimos raios. Um temporal se formava e nos despedimos correndo cada um pra sua morada.
Amanheci na praia, pois era meu último dia de férias e lá encontrei Rosa rodeada de pescadores amigos. Em prantos a ouvi dizer:
- saveiro partiu de noite foi, madrugada não voltou. O marinheiro bonito , sereia do mar levou. Ele se foi afogar , fez sua cama no mar, nos braços de Iemanjá..
.
Consternado pensei que pescador quando sai nunca sabe se volta , nem sabe se fica. Quanta gente perdeu seus maridos, seus filhos nas ondas do mar.
Enquanto isto Rosa gritava:
- só louco amou como eu te amei, só louco quis o bem que eu quis....
Sentei-me na areia fina e emocionado vi que a pobre Rosinha da Chica, que era bonita, agora parece que endoideceu. Vive na beira da praia, olhando pras ondas, andando, rodando, dizendo: morreu, morreu...
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